quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Conto de um tempo que não volta mais

A seguir, um conto tirado de um artigo do Livro dos 180 anos de Imigração
Alemã em Santa Catarina, compilado por Toni Jochen e escrito a 250 mãos.
Seu protagonista nascera em Pomerode mas morava em Mafra.
Este é um daqueles contos chocolate-com-pimenta: doce com algumas
pitadas de fatos ardidos, mas absolutamente gostoso de ler... Acompanhe!
...
"Alvin Oswald Erich foi para Florianópolis estudar odontologia. Formou-se dentista e casou-se com Érika Rezler. Todos gostavam dele, pois era muito bem-humorado – adorava uma bagunça! E gostava de dormir. Aliás, os Günther tinham fama de Langschläflich (dorminhocos) desde sempre: enquanto vizinhos acordavam às 4h da manhã para iniciar as tarefas, na casa dos Günther nunca tinha ninguém acordado antes das 7h. Fazendo jus à tradição familiar, contam os sobrinhos que, às vezes, o paciente já estava aguardando no consultório enquanto a Dna. Érika tinha dificuldades de acordá-lo.
Era um filho dedicado: vinha visitar os pais com bastante assiduidade, apesar da viagem penosa: saía de Mafra com sua família bem cedinho, pela manhã, e chegava a Pomerode somente à noite, viagem que hoje leva pouco mais de uma hora e meia. Em meados de 1940, comprou um Ford A. E, quando vinha, já buzinava escandalosamente desde lá de longe e, assim, os primos e sobrinhos pequenos já corriam para fora festejando sua chegada, gritando empolgadamente para os adultos: “Lá vem a AHUA do Tio Alvin!”. O apelido “Ahua” surgiu do som que a buzina do automóvel fazia. E ficou. Para sempre como doce lembrança de infância. Por ironia do destino, num fatídico dia 31 de dezembro, foi atropelado por uma “ahua” dirigida por três rapazes que festejavam o dia de São Silvestre (ano novo), em frente de casa – foi um dos maiores choques que a família já teve. A casa foi vendida em seguida, pois sua viúva não conseguia olhar para fora sem lembrar do acidente.
"

6 comentários:

  1. Anônimo21.1.10

    muito legal essa iniciativa

    ResponderExcluir
  2. Adélia21.1.10

    que texto fofooooooooooo (trágico, mas fofo!)

    ResponderExcluir
  3. muito bacana este blog... desde a reportagem até a idéiua de deixar as pessoas contribuirem! Muito bacana MESMO! Parabéns à RBS!

    ResponderExcluir
  4. Anônimo22.1.10

    Ácida... sem um final feliz... mas muito graciosa a história! Muito bonita!

    ResponderExcluir
  5. Anônimo23.1.10

    Adorei a forma de escrever... tão... singela... lindíssima a história! Pergunto se ela aconteceu de verdade...

    ResponderExcluir
  6. Anônimo23.1.10

    parabéns pela iniciativa

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Conto de um tempo que não volta mais

A seguir, um conto tirado de um artigo do Livro dos 180 anos de Imigração
Alemã em Santa Catarina, compilado por Toni Jochen e escrito a 250 mãos.
Seu protagonista nascera em Pomerode mas morava em Mafra.
Este é um daqueles contos chocolate-com-pimenta: doce com algumas
pitadas de fatos ardidos, mas absolutamente gostoso de ler... Acompanhe!
...
"Alvin Oswald Erich foi para Florianópolis estudar odontologia. Formou-se dentista e casou-se com Érika Rezler. Todos gostavam dele, pois era muito bem-humorado – adorava uma bagunça! E gostava de dormir. Aliás, os Günther tinham fama de Langschläflich (dorminhocos) desde sempre: enquanto vizinhos acordavam às 4h da manhã para iniciar as tarefas, na casa dos Günther nunca tinha ninguém acordado antes das 7h. Fazendo jus à tradição familiar, contam os sobrinhos que, às vezes, o paciente já estava aguardando no consultório enquanto a Dna. Érika tinha dificuldades de acordá-lo.
Era um filho dedicado: vinha visitar os pais com bastante assiduidade, apesar da viagem penosa: saía de Mafra com sua família bem cedinho, pela manhã, e chegava a Pomerode somente à noite, viagem que hoje leva pouco mais de uma hora e meia. Em meados de 1940, comprou um Ford A. E, quando vinha, já buzinava escandalosamente desde lá de longe e, assim, os primos e sobrinhos pequenos já corriam para fora festejando sua chegada, gritando empolgadamente para os adultos: “Lá vem a AHUA do Tio Alvin!”. O apelido “Ahua” surgiu do som que a buzina do automóvel fazia. E ficou. Para sempre como doce lembrança de infância. Por ironia do destino, num fatídico dia 31 de dezembro, foi atropelado por uma “ahua” dirigida por três rapazes que festejavam o dia de São Silvestre (ano novo), em frente de casa – foi um dos maiores choques que a família já teve. A casa foi vendida em seguida, pois sua viúva não conseguia olhar para fora sem lembrar do acidente.
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6 comentários:

  1. Anônimo21.1.10

    muito legal essa iniciativa

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  2. Adélia21.1.10

    que texto fofooooooooooo (trágico, mas fofo!)

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  3. muito bacana este blog... desde a reportagem até a idéiua de deixar as pessoas contribuirem! Muito bacana MESMO! Parabéns à RBS!

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  4. Anônimo22.1.10

    Ácida... sem um final feliz... mas muito graciosa a história! Muito bonita!

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  5. Anônimo23.1.10

    Adorei a forma de escrever... tão... singela... lindíssima a história! Pergunto se ela aconteceu de verdade...

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  6. Anônimo23.1.10

    parabéns pela iniciativa

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